Rebeca Linhares: Do passeio à cabeça do cachorro

Simbiose na combinação de seres humanos e animais domésticos

A profissão é a de uma passeadora de cães. Ou condutora de cães. É quem ensina as coisas básicas: O cachorro andar sem te puxar, você sair primeiro e na frente, evitar brigas na ruas, coisas assim. Esta profissão é difundida no mundo do trabalho como dog walker. A outra é babá de animais ou pet sitter.

A entrevistada nesta matéria é Rebeca Linhares, que já fez um site: http://animalbemcuidado.wix.com/campinas , onde ela explica sobre a importância deste trabalho. "Mas o básico é que ao passear todos os dias, o cão fica menos ansioso, mais sociável. Mantém o estímulo físico e até mental, por causa do faro. No caminhar ele fareja coisas diferentes", explica.

Rebeca conta que anda lendo sobre cães, como os livros de Cesar Millan, "meu mestre... esse cara é demais", disse. "Conhece?". Ela pergunta e manda outra autora: Alexandra Horowitz ("A Cabeça do Cachorro"). "Muito bom também. Falo com adestradores, quando preciso de ajuda. Enfim, estou me inteirando nesse mundo canino", brinca.

Mas ela leva a profissão bem a sério e adverte: "O cachorro é animal de matilha, né? Então, precisa caminhar, conviver com pessoas, outros animais etc.".

Ela foca nas informações sobre animais domésticos porque é o seu trabalho. Está disponível para dúvidas ou mais perguntas.

1 - O que é mais importante hoje na sua profissão e quais as pessoas que te procuram?

O mais importante hoje na minha profissão é satisfazer as necessidades dos animais, e consequentemente, dos seus donos. A minha preocupação é o bem estar do cachorro, gato ou qualquer animal que eu venha a cuidar. O passeio é muito bom para suprir o instinto do animal de matilha, de caminhar e se socializar, e para estimulá-lo física e mentalmente.

Um cachorro que passeia com regularidade, tende a ser mais saudável e menos ansioso. Mesmo que você tenha um grande espaço em sua casa, eles precisam conhecer outros lugares e farejar outros cheiros. Sua casa, por maior que seja, não passará de um canil.

Como consequência, seu dono fica mais feliz, quando tem um cachorro mais feliz. Sua relação de amizade pode se intensificar mais se o seu animal for mais calmo e tranquilo. Faz bem aos dois!

No caso do trabalho de pet sitter é a mesma coisa, procuro não fugir da rotina em que o animal está acostumado para que ele não sinta mais a falta de seu dono. Nesse caso, posso cuidar também de gatos ou outro animal, desde que não seja feroz ... (risos), que a pessoa tenha. Muita gente não gosta de deixá-los em hotéis, pois além de a maior parte deles ser formado com baias e gaiolas, o animal fica num ambiente estranho. É fato que em seu lar, o cão e, principalmente, o gato, sente-se mais seguro.

Os "donos dos meus clientes", pois os verdadeiros clientes são os bichos, normalmente são pessoas que amam seu animal e se preocupam com o bem estar deles. Quando viajam se encontram num dilema de com quem ficará a responsabilidade dos cuidados do seu animal e acabam por preferir pagar alguém que supra as necessidades da rotina deles do que pedir que um vizinho ou amigo faça-lhe um favor. Normalmente a pessoa não tem obrigação e talvez cuide deles de acordo com sua rotina e não a do cão. Os hotéis, exceto os que os donos já conhecem, não são muito bem vistos, pelo que percebo. As pessoas têm medo que  alguma coisa aconteça com seu bichinho ou que eles fiquem presos demais. Nesse trabalho eu passo em média uma hora cada visita, nada cronometrado, e passeio, brinco, limpo os dejetos e dou a alimentação.

No caso dos passeios são pessoas que têm a consciência de que seu cão precisa de uma atividade, ou porque está obeso, ou é muito agitado, ou mesmo por conhecer o instinto do cachorro. Normalmente elas trabalham demais e ficam pouco em casa ou são mais idosas, ou fragilizadas e não conseguem passear com seu cão. Nos dois casos, os clientes dispõem uma certa condição financeira. Não sei se essa definição ainda  existe, mas são classes média e alta.

2 - O que você vê nas ruas hoje, com relação ao que fazem com os animais?

Eu vejo dois extremos. Pessoas que tratam seus animais como coisas. Se me faz bem eu fico, senão jogo fora. E pessoas que amam seus animais e fazem qualquer coisa por eles. Já vi gente abrindo a porta do carro e jogando o cachorro pra fora. Já ouvi pessoas dizendo que perderam seus animais porque fugiram (Minha opinião nesse caso é a falta de cuidado). Já vi pessoas que quando veem um cachorro ou gato atravessando uma rua, aceleram o carro, espantam, jogam coisas. Outras que têm dó, mas não fazem nada...

Olha, já vi muita coisa que me deixou arrasada, triste mesmo. Indignada como que pode ter um coração tão duro, ser tão maldoso. Teve dia que cheguei em casa chorando ou chorei na rua mesmo...

Por outro lado, vejo pessoas que amam demais. Que "estocam" animais, que recolhem tudo o que passa na rua, que passa a vida levando ração e água pra cá e pra lá. Frequentam veterinários salvando a suas vidas. Fazem o que podem e o que não podem por eles.
Acredito que estas existam menos do que as outras, ainda! Porém, observo um aumento gradativo na conscientização das pessoas para o bem estar desses animais. Tenho lido e visto muitas campanhas no facebook, sites, propagandas que fazem mutirão em prol deles. A própria delegacia de animais aqui em Campinas é um resultado disso.

3 - As cidades têm estrutura para comportar os melhores amigos do homem?

No momento acho que não. Acredito ser preciso fazer muita coisa, ainda.  Vejo muitos animais abandonados pelas ruas. Primeiro de tudo e a maior verdade é essa descrita na pergunta: ensinar a todos que os animais são os melhores amigos do homem. Que eles estão aqui, nesse mundo, junto com a gente por algum propósito. Mas não é o de nós os exploramos. Quantas histórias de amor e superação a gente vê por aí que envolvem os animais. Bichos que salvam nossas vidas, que são nossos companheiros inseparáveis. Ou mesmo que nos fazem bem só de observá-los.

Agora mesmo, minha mãe me grita...levanto, vou ver: meus 3 gatos em volta de um pardalzinho filhote, no tapete da cozinha. Imóvel. Resultado, fui na casa de um vizinho que conhece a espécie, já o analisou, sem machucados, só assustado. Me emprestou uma gaiolinha com quirela e água; coloquei-o num lugar seguro da casa, para que eu possa soltá-lo na hora em que ele esteja preparado para a vida...rs
Sempre fui mais ou menos assim, quando posso salvar, nem pestanejo. Nem que seja pra deixar uma água na praça, um pouco de ração, ajudar uma entidade ou uma pessoa que os possui...tratar um cachorro muito doente da rua... etc. Desde pequena sempre me comovi e lutei por essa causa. Por exemplo, se eu tenho 50 reais no bolso pra me divertir e me deparo com um animal precisando de alguma coisa que eu deva gastar os 50, eu nem penso...ajudo esse animal na hora e volto pra casa feliz e gratificada por isso. Pena que não posso fazer mais do que faço.

Mas voltando a resposta, para a cidade comportar todos esses animais, é preciso fazer campanha de castração para o controle populacional, conscientização do valor e do respeito que devemos ter com eles, e principalmente a conscientização de que quando pegamos um animal para criar, devemos pesar tudo: se temos condições financeira e psicológica para cria-lo, espaço dedicado para cada espécie, paciência e saber que, no caso de cães e gatos, teremos a responsabilidade por eles de 10, 12 e muitas vezes mais anos de vida. E essencialmente, pegar um animal com o intuito de suprir as necessidades deles e não as nossas.

Muitos pegam um cachorro porque querem companhia, porque querem que tomem conta da casa, porque dão um brinquedinho para o filho... coisas assim. Gostam deles, acham bonitinho, porém se der muito trabalho...eu doou ou jogo fora. É triste, mas grande parte é assim.
Acho que deveriam criar um hospital público para animais, deveriam dispender algum dinheiro da prefeitura para as Ongs (que estão lotadas de bichos), deveriam fazer uma campanha com os profissionais em veterinária para um certo número de castração gratuita por mês.

As pessoas deveriam fazer mais doações para quem precisa... seja em dinheiro, seja um saco de ração, seja uma vaquinha para uma castração ou tratamento de um animal perdido perto de suas casas, de alguém que você conhece... enfim... mais ajuda e campanhas para a causa animal. A natureza tem que ser valorizada, cuidada e respeitada. Todos os as animais! O maltrato com os animais é covardia, prepotência e maldade. Pra mim, quem machuca um animal, pode machucar uma pessoa.

Não gostar é direito de cada um, mas maltratar, ou usá-los para fins lucrativos ... é crime.

CONTATO:  Rebeca Perez < rebecaperez@terra.com.br >

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