Observatório de Segurança Viária encaminhou ao Denatran para que seja enviado ao Ministério da Educação todo o programa de educação de trânsito para o ensino fundamental em todas as escolas públicas


O mês de maio acabou mas nem por isso aquilo que impulsiona o movimento Maio Amarelo deixa de continuar valendo. Para explicar o assunto, procurei o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSVJ). Quem respondeu às perguntas foi a gestora de Comunicação do Observatório, Daniela Gurgel.

Eli Fernandes - O Observatório Nacional de Segurança Viária se propõe fazer diagnósticos de segurança, sinalização, equipamentos veiculares, comportamental etc.; Soluções para a redução de acidentes; Implementação de medidas comportamentais para segurança no trânsito; Gestão de dados relacionados ao trânsito e acompanhamento de ações legislativas. A senhora poderia citar exemplos práticos das ações acima?

Daniela Gurgel - O Observatório faz estudos e projetos em todas essas áreas que você citou. Nossa intenção é aprimorar a tecnologia, a psicologia e também o conhecimento nesses aspectos. A gestão de dados é efetivamente a melhor maneira de conhecer o atual cenário do trânsito em nosso país. As ações legislativas servem como ferramentas para que possamos aprimorar as leis e fazer com que elas sejam aplicáveis para toda sociedade. Como exemplo, podemos citar: um estudo sobre a sinalização viária mostrou que não há padronização das placas de trânsito de rodovias (concedidas e não concedidas) com relação as das cidades. Isso afeta a dirigibilidade, principalmente à noite. Com relação a ações legislativas, o Observatório intervém ou propõe intervenções quando há alguma distorção na lei. Nós estamos trabalhando, nesse momento, na proposta de mudança da formação de novos condutores, ou seja, apontando ao Denatran (Deartamento Nacional de Trânsito) onde e como deve ser essa formação para que cada novo condutor (ou quem esteja fazendo a reciclagem) possa estar percebendo o trânsito e os riscos que ele hoje apresenta, de forma a praticar uma condução segura e preventiva.

Eli Fernandes - O ensino de normas de trânsito nas escolas é uma necessidade?

Daniela - É sim. Também já apresentamos ao Denatran para que seja enviado ao Ministério da Educação, todo o programa de educação de trânsito para o ensino fundamental em todas as escolas públicas. Essa já é uma determinação do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) desde 1997. 

Eli Fernandes - O que é o Maio Amarelo?

Daniela - O Movimento Maio Amarelo é uma proposta do Observatório Nacional de Segurança Viária para toda sociedade para que todos revejam seu comportamento em trânsito e a partir de um comportamento mais preventivo, gentil e educado possamos, todos juntos, mudar os atuais números de mortos e feridos no trânsito no Brasil e também no mundo. Em seu terceiro ano, hoje o Maio Amarelo já está em 24 países e em todos os Estados do nosso país. A ideia é que o poder público, a iniciativa privada e a sociedade organizada olhem para o acidente de trânsito não como um “acaso” e sim como algo a ser prevenido, algo que possamos efetivamente evitar.

Eli Fernandes - Este movimento atingiu seus objetivos?

Daniela - O Maio Amarelo cresce a cada ano. Mais e mais pessoas entendem e se engajam na causa, que é social e não apenas de uma parcela da população. Assim como outros movimentos já consolidados na sociedade, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, o Maio Amarelo já se consolidou. Precisamos ainda de mais e mais adeptos, voluntários, pessoas querendo e praticando o bem e isso temos visto a cada dia. Com o encerramento de Maio, fica o desafio para toda a sociedade (e, ainda mais para o Observatório) em fazer com que a preocupação, a atenção e o cuidado em trânsito não só aconteça durante o mês de maio. São muitas as mudanças que temos que fazer para que o nosso trânsito, seja efetivamente seguro. O Maio Amarelo se consolidou sim, mas precisa crescer muito mais.

Eli Fernandes - O brasileiro dirige mal?

Daniela - Hoje trabalhamos para formar melhor nossos motoristas e motociclistas. Esse é o desafio. O brasileiro não dirige mal, ele está mal formado, mal orientado sobre quais os riscos que o trânsito hoje oferece para quem está, não só de carro, mas também de bicicleta, a pé ou os passageiros. É importante aprender os cuidados desde que nascemos e trânsito é algo que precisa de atenção o tempo todo.

Eli Fernandes - E o transporte coletivo, porque não funciona adequadamente no Brasil?

Daniela - Melhorar o transporte público é um desafio para os gestores em todo país e uma reivindicação que não pode sair da pauta de toda sociedade. Cada cidade tem suas características (isso vale também para o trânsito de uma forma geral) e para isso é necessário estudo, apontamentos, dados, etc para que você possa ofertar um transporte público de qualidade e também eficiente, que seja atrativo para o cidadão deixar seu veículo em casa e use o ônibus, o metrô, o trem. Não existe “receita pronta” para esses desafios. Eles precisam se transformar em políticas públicas e deixar o discurso de quem pode mudar a forma de se locomover em nosso país.

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